Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Erick Tamberg
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por Erick Tamberg »

Amílcar,

Até um passado recente, a maioria das polícias e empresas de segurança privada exigiam o porte de revólveres com uma câmara vazia alinhada com o cano.

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AmilcarAlho
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por AmilcarAlho »

Erick Tamberg escreveu:Amílcar,

Até um passado recente, a maioria das polícias e empresas de segurança privada exigiam o porte de revólveres com uma câmara vazia alinhada com o cano.
Não sabia. Pensava que esta prática tinha deixado de ser usada com o aparecimento dos revólveres de ação dupla com segurança de martelo.

Obrigado pela informação.

Erick Tamberg
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por Erick Tamberg »

Amílcar,

Havia dois problemas que justificavam esta medida: a quantidade de armas que permaneceram em uso até o fim de sua vida útil, em mau estado, e as des montagens feitas por pessoas inexperientes, onde era costumeiro perder-se o calço de segurança.

Na Polícia Militar de São Paulo, essa prática só começou a ser abandonada em 1997, com a aquisição dos revólveres Taurus 827 (7 tiros, .38 SPL). Os novos revólveres poderiam ser portados com a carga completa, mas, para as armas antigas ainda em uso, a exigência permaneceu até que fossem retiradas de serviço.

Já na Polícia Civil (equivalente à PJ portuguesa), os regulamentos não são tão rígidos, tendo o policial a liberdade de portar a arma como lhe conviesse. Os poucos revólveres que a PCESP ainda possui, em regra, estão em posse de policiais que exercem funções burocráticas, que só usam a arma por exigência legal.

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Raziel
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por Raziel »

Erick Tamberg escreveu:Amílcar,

Até um passado recente, a maioria das polícias e empresas de segurança privada exigiam o porte de revólveres com uma câmara vazia alinhada com o cano.
Na Guarda Municipal de Volta Redonda é assim até hoje
"O latido dos cães não altera o curso das nuvens."

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Raziel
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por Raziel »

AmilcarAlho escreveu:Fico feliz por saber que aí no Brasil têm a opção para escolher se pretendem portar a arma de defesa com ou sem munição na câmara. Pena que por cá não seja também assim.
As armas que ficam guardadas em casa também tem que ficar separadas da munição né?
"O latido dos cães não altera o curso das nuvens."

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AmilcarAlho
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por AmilcarAlho »

Erick Tamberg escreveu:Amílcar,

Havia dois problemas que justificavam esta medida: a quantidade de armas que permaneceram em uso até o fim de sua vida útil, em mau estado, e as des montagens feitas por pessoas inexperientes, onde era costumeiro perder-se o calço de segurança.

Na Polícia Militar de São Paulo, essa prática só começou a ser abandonada em 1997, com a aquisição dos revólveres Taurus 827 (7 tiros, .38 SPL). Os novos revólveres poderiam ser portados com a carga completa, mas, para as armas antigas ainda em uso, a exigência permaneceu até que fossem retiradas de serviço.

Já na Polícia Civil (equivalente à PJ portuguesa), os regulamentos não são tão rígidos, tendo o policial a liberdade de portar a arma como lhe conviesse. Os poucos revólveres que a PCESP ainda possui, em regra, estão em posse de policiais que exercem funções burocráticas, que só usam a arma por exigência legal.
Muito interessante este enquadramento histórico. Aprendi bastante.

Cá em Portugal o revólver foi abandonado muito cedo pelas forças de segurança.

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AmilcarAlho
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por AmilcarAlho »

Raziel escreveu:
AmilcarAlho escreveu:Fico feliz por saber que aí no Brasil têm a opção para escolher se pretendem portar a arma de defesa com ou sem munição na câmara. Pena que por cá não seja também assim.
As armas que ficam guardadas em casa também tem que ficar separadas da munição né?
Sim, as armas têm que ser guardadas separadas das munições.

Erick Tamberg
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por Erick Tamberg »

AmilcarAlho escreveu:
Muito interessante este enquadramento histórico. Aprendi bastante.

Cá em Portugal o revólver foi abandonado muito cedo pelas forças de segurança.
Amílcar,

As Américas, de um modo geral, mantiveram o revólver por muito mais tempo do que na Europa.

No caso da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o uso de pistolas se iniciou na década de 1930. Porém, seu uso era restrito ao oficialato (Walther PP em calibre .380 ACP), cabendo às praças utilizar apenas revólveres. Havia, também, pistolas automáticas Mauser "Schnellfeuer" em calibre 7,63mm Mauser, que ficaram em uso até a década de 1980. Porém, estas eram utilizadas mais como submetralhadoras do que como pistolas.

Até onde eu saiba, a última aquisição de revólveres feita pelo governo do estado de São Paulo foi em 2002. A Polícia Civil do Estado de São Paulo recebeu 600 (seiscentos) exemplares do "snubby" Taurus 85 Ti (armação em titânio), originalmente destinado a mulheres. Naquele ano, decidiu-se fazer uma aquisição de munição ogival encamisada comum, em detrimento das expansivas. Os revólveres foram comprados com a verba que sobrou da diferença de custo entre ambos os tipos de munição.

Os Carabineros chilenos ainda tem no revólver .38 SPL (Taurus modelo 82) sua principal arma de serviço.

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AmilcarAlho
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por AmilcarAlho »

Erick Tamberg escreveu:
AmilcarAlho escreveu:
Muito interessante este enquadramento histórico. Aprendi bastante.

Cá em Portugal o revólver foi abandonado muito cedo pelas forças de segurança.
Amílcar,

As Américas, de um modo geral, mantiveram o revólver por muito mais tempo do que na Europa.

No caso da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o uso de pistolas se iniciou na década de 1930. Porém, seu uso era restrito ao oficialato (Walther PP em calibre .380 ACP), cabendo às praças utilizar apenas revólveres. Havia, também, pistolas automáticas Mauser "Schnellfeuer" em calibre 7,63mm Mauser, que ficaram em uso até a década de 1980. Porém, estas eram utilizadas mais como submetralhadoras do que como pistolas.

Até onde eu saiba, a última aquisição de revólveres feita pelo governo do estado de São Paulo foi em 2002. A Polícia Civil do Estado de São Paulo recebeu 600 (seiscentos) exemplares do "snubby" Taurus 85 Ti (armação em titânio), originalmente destinado a mulheres. Naquele ano, decidiu-se fazer uma aquisição de munição ogival encamisada comum, em detrimento das expansivas. Os revólveres foram comprados com a verba que sobrou da diferença de custo entre ambos os tipos de munição.

Os Carabineros chilenos ainda tem no revólver .38 SPL (Taurus modelo 82) sua principal arma de serviço.
Muito obrigado pelo seus esclarecimento. Os seus textos são sempre claros e bem documentados.

Uma das coisas que mais me surpreendeu quando comecei a viajar para a América do Sul, foi ver polícias com revólveres à cintura. Acho que nunca vi revólveres em uso pelas forças de segurança na Europa.

Consegue explicar-me a razão da preferencia do revólver face à pistola nos países do continente Americano? Não creio que seja pelo fator preço nem pela fiabilidade acrescida mas posso estar errado. Será pela simplicidade de uso e pela menor necessidade de treino?

Erick Tamberg
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por Erick Tamberg »

Amílcar,

Creio que há alguns fatores.

O primeiro é o fa(c)to de toda a América sofrer forte influência norte-americana. A tradição norte-americana no uso do revólver é muito forte, tanto que apenas nos anos 80 a pistola começou a ocupar o lugar do revólver em termos de arma de serviço policial naquele país.

O segundo é o fator custo. Para os padrões latino-americanos, os revólveres (em especial os fabricados no Brasil) sempre foram mais baratos do que pistolas semi-automáticas. Quando foi lançada por aqui a pistola PT-57 S, em 1982 (uma versão da Beretta 92 em calibre 7,65mm Browning), seu preço era quase o dobro daquele de um revólver .38 Special da mesma marca.

Veja um anúncio de época, com os preços: https://www.propagandashistoricas.com.b ... os-80.html

Acredito que a Argentina seja a exceção, pois a indústria de armas leves dos "hermanos" desenvolveu-se antes da brasileira. Os argentinos já tinham projetos próprios de submetralhadoras quando, por aqui, mal se fabricavam espingardas ("caçadeiras" aí em Portugal) de tiro único.

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Raziel
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por Raziel »

Erick Tamberg escreveu:Amílcar,

Creio que há alguns fatores.

O primeiro é o fa(c)to de toda a América sofrer forte influência norte-americana. A tradição norte-americana no uso do revólver é muito forte, tanto que apenas nos anos 80 a pistola começou a ocupar o lugar do revólver em termos de arma de serviço policial naquele país.

O segundo é o fator custo. Para os padrões latino-americanos, os revólveres (em especial os fabricados no Brasil) sempre foram mais baratos do que pistolas semi-automáticas. Quando foi lançada por aqui a pistola PT-57 S, em 1982 (uma versão da Beretta 92 em calibre 7,65mm Browning), seu preço era quase o dobro daquele de um revólver .38 Special da mesma marca.

Veja um anúncio de época, com os preços: https://www.propagandashistoricas.com.b ... os-80.html

Acredito que a Argentina seja a exceção, pois a indústria de armas leves dos "hermanos" desenvolveu-se antes da brasileira. Os argentinos já tinham projetos próprios de submetralhadoras quando, por aqui, mal se fabricavam espingardas ("caçadeiras" aí em Portugal) de tiro único.
Exatamente, aqui no Brasil infelizmente o fator preço é um diferencial sim
"O latido dos cães não altera o curso das nuvens."

Erick Tamberg
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Re: Tiro prático - Exercícios (Drills) famosos

Mensagem por Erick Tamberg »

Este tópico não ficaria completo sem mencionarmos os exercícios "Pista Zero e Pista Oito", criados no Brasil pelo falecido Sérgio Coló Moore (italiano, ex-partisan e ex-carabinieri).

A Pista Zero consistia em uma pista circular de 4 metros de diâmetro, com a borda mais próxima do alvo posicionada a 3 metros deste. Havia 4 pontos de tiro ao longo da pista, de modo que o atirador, ao percorrê-la, tivesse o alvo exposto à sua frente, às costas, à direita e à esquerda. O exercício era feito em tiro instintivo (método Fairbairn/Applegate aperfeiçoado por Coló) e com apenas um único tiro por posto, sempre sacando a arma do coldre a cada tiro.

Percorrendo a Pista Zero no sentido horário, a sequência seria:
1 - Alvo à frente a 5 metros
2 - Alvo à esquerda a 3 metros
3 - Alvo à retaguarda a 5 metros
4 - Alvo à direita a 7 metros

A Pista Oito nada mais era do que a "Zero" duplicada, contando com sete postos de tiro (sendo um deles na área entre os círculos, separados entre si por um metro), o que permitia variar a distância de tiro de 3 a 12 metros. Ao se percorrer o círculo mais distante do alvo, permitia-se o uso de empunhadura dupla e visada rápida.

Foi muito utilizada no Brasil para civis e profissionais de segurança especialmente durante a década de 80. Lamentavelmente, este sistema caiu no esquecimento após o falecimento de seu criador, em 1995.

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